Se poupem-nos!
André Fabrício
Eu queria não ser o produto de um mercado
colorido. Queria que não lucrassem com os meus dramas, tampouco com as minhas
causas. Muito menos com as minhas lutas.
Que não ganhassem com a batalha que travo diariamente contra o mundo a favor do mundo. Que não comercializassem as minhas armas em favor da paz e que eu não fosse um instrumento da rebeldia da cara pintada de orgulho. Queria também que a televisão não me estereotipasse, que os meus defeitos não fossem julgados pela minha sexualidade, menos ainda as minhas qualidades. Queria que as pessoas assistissem os meus erros, seguidos dos
Que não ganhassem com a batalha que travo diariamente contra o mundo a favor do mundo. Que não comercializassem as minhas armas em favor da paz e que eu não fosse um instrumento da rebeldia da cara pintada de orgulho. Queria também que a televisão não me estereotipasse, que os meus defeitos não fossem julgados pela minha sexualidade, menos ainda as minhas qualidades. Queria que as pessoas assistissem os meus erros, seguidos dos
acertos e me enquadrassem na categoria de
todos: humanos. Queria poder me casar e ter uma casa com sacada, jardim, tapete
no chão e crianças, queria mais ainda conquistar isso tudo com amor, pelo amor,
por amor. Sem grito. Sem violência. Sem choque. Queria que as reivindicações
fossem feitas ao som de Beatles, All you need is Love. Love, Love is all you
need e que eles de fato amassem. Queria que fôssemos às ruas exigir nada mais
que sermos iguais. E sermos. Queria conversar sobre como o clima anda esquisito
ou que a minha panela de pressão estourou sujando todo ladrinho da cozinha de
feijão, e de cores. Todas as sete. Queria que os artistas que nos agradecem
pelo sucesso não nos insinuassem pervertidos – só comuns, com sonhos, planos, e
claro, desejos. Queria sentar numa praça e segurar a mão de alguém que amo não
importando o sexo dela, mas a alma e o bem que aquilo me faz. Queria que
gritássemos por uma lei que nos aproximasse das pessoas, e não que nos
afastasse mais ainda. Queria que as causas não fossem perdidas, e que elas
viessem de mãos dadas com a igualdade, com a união. Hoje eu queria não lembrar
“que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar: me
poupar-nos”
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